Começou em 1954.
Malanje rende-se ao seu legado,
Partiu para terra como ca chegou a terra; sem vaidades, sem posses, luxos e nem mais. Conseguiu, apenas, ter sido uma referência para muitas gerações. Foi apenas, apenas uma professora, educadora e sempre amiga.
Foi uma simples mulher, do bairro da Maxinde, que viu na educação a mina de ouro para formar homens e mulheres e lançá-los para o terreno do desenvolvimento. Ensinou a ler e a escrever à todos. E não são poucos os que se sentaram nos bancos de madeira arrojados ou em latas no quintal da sua humilde residência, uns dentro outros fora. Eram os da classe baixa, média e alta. Filhos de Malanje hoje homens e mulheres espalhados pelos 4 cantos do mundo, com famílias e histórias também para contar.
Como lembranças, deixou-nos uma casa e o seu Cláudio. A professora Olga de Azevedo, já não está entre nós. Morreu aos 88 anos de idade vítima de prolongada doença. Foi descansar eternamente junto da avó Amélia, do tio Zeca e da professora Bela. Aos prantos, foi o Valdir Cónego, o próprio escorraçado pelos do partido que me deu a triste noticias. O Cuxi foi a busca dela em Malanje, ele e mais outros da minha geração para depois ter sido cuidada pelo Cláudio, o baixinho amado da tia Olga. O mesmo de sempre.
Professora Olga, a mulher que um dia chegou a pensar em ser enfermeira morreu. Tinha a vocação para dar aulas e foi o que fez até quando não mais teve forças.
Serviu o país como pode. Ensinando aqueles que viriam a ser os dirigentes de Malanje, de Angola e líderes em muitos lugares do mundo.
Em 1960, África começava a viver a independência e por Angola os movimentos também se lançavam para a luta armada, enquanto a professora Olga de Azevedo, erguia a arma transformadora do mundo. A combatente do silêncio permitia que noutras áreas os barulhos do seu trabalho fosse, décadas depois ouvido.
O ensino foi o amor da sua vida, um amor muito, muito grande, algo que lhe recuperava o espírito, e era de segunda a segunda, a ensinar a ler, a escrever e partilhando muita da sua sabedoria que se ganha com o tempo. Mesmo com a sua deficiência física, a professora Olga de Azevedo, ensinou Malanje a crescer.
Mulher que sempre esteve no seu canto, sem nunca ser mediática, tem frutos em todo lado e áreas da vida. Quem passou pela tia Olga, reconhece os seus feitos, o maior feito que uma pessoa pode plantar a noutra.
Educar, ensinar a ler e escrever. Mas mais do que isso, ensinava os alunos a trabalhar, os valores morais e cívicos. Uma boa professora deve conhecer a psicologia infantil. Este é o legado da professora Olga que nunca teve filhos uterinos.
Muito obrigado, tia ou professora Olga Augusto Carlos de Azevedo 1936-2025