Thameen al-Kheetan, porta-voz da ONU, pediu ainda à junta militar guineense que garanta a libertação imediata e incondicional de todas as pessoas detidas pelo exercício dos seus direitos humanos.
“A libertação, na terça-feira, de seis figuras da oposição detidas na Guiné-Bissau é um passo encorajador. É preciso fazer mais”, declarou, em comunicado, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Thameen al-Kheetan. “As autoridades devem pôr fim a todas as detenções arbitrárias e a todas as formas de intimidação, incluindo ataques físicos a defensores dos direitos humanos e restrições à liberdade de expressão, associação e reunião pacífica”, acrescentou.
“O nosso gabinete teve acesso a quatro indivíduos detidos na semana passada, o que constitui um passo importante. No entanto, as famílias de vários outros detidos continuam sem informações sobre o seu destino, paradeiro ou acusações contra eles. Tal pode constituir um desaparecimento forçado”, alertou o porta-voz.
Por fim, apelou à junta militar que garanta a libertação imediata e incondicional de todas as pessoas detidas pelo exercício dos seus direitos humanos. Seis opositores políticos detidos desde o golpe de Estado militar de 26 de novembro foram libertados terça-feira, 23 de dezembro, segundo um comunicado da junta no poder.
Em 26 de novembro, um dia antes do anúncio dos resultados provisórios das eleições presidenciais e legislativas na Guiné-Bissau, os militares depuseram o então Presidente Umaro Sissoco Embaló, no poder desde 2020, e suspenderam o processo eleitoral em curso.
O candidato da oposição Fernando Dias, que reclama a vitória, refugiou-se junto da embaixada da Nigéria, que lhe concedeu asilo e que um proeminente líder da oposição, Domingos Simões Pereira, foi detido no dia do golpe, juntamente com outras figuras da oposição.
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As seis pessoas libertadas esta sexta-feira à noite são aliadas próximas de Simões Pereira, líder do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), o partido histórico que conduziu o país à independência de Portugal. Neste momento, Simões Pereira continua detido juntamente com outras figuras da oposição, e Dias permanece refugiado na embaixada nigeriana.
Inicialmente detido pelos militares na altura do golpe, o Presidente fugiu do país. A junta nomeou o general Horta Inta-A, um aliado próximo de Umaro Sissoco Embaló, como presidente de um Governo de transição com a duração prevista de um ano.
Na semana passada, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) ameaçou impor “sanções direcionadas” a qualquer pessoa que tente obstruir o regresso ao Governo civil na Guiné-Bissau e o país está suspenso da CEDEAO, da União Africana e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), organização em que detinha a presidência rotativa.
A oposição e figuras internacionais têm afirmado que o golpe de Estado foi uma encenação orquestrada por Embaló, por alegadamente ter sido derrotado nas urnas, impedindo assim a divulgação de resultados e mandando deter de forma arbitrária diversas figuras que apoiavam o candidato que reclama vitória, Fernando Dias.
fonte: observador

