O Presidente cabo-verdiano disse hoje que “conflitos, guerras, ruturas constitucionais e golpes de Estado em África”, particularmente na sub-região ocidental, têm sido os principais temas da sua magistratura de influência, ao fazer um balanço de quatro anos de mandato.
“Aqui na região, tenho ido um pouco contra a maioria dos chefes de Estado e de Governo, defendendo a negociação e diálogo, em vez de ruturas, e hoje todos me dão razão relativamente a esta matéria”, referiu José Maria Neves, num encontro com jornalistas na Presidência da República, cidade da Praia.
Segundo disse, graças a esse caminho, abre-se agora “a possibilidade de uma discussão mais aberta com os Estados da Aliança do Sahel e também a criação de plataformas de cooperação entre Estados da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e os que saíram, procurando caminho para uma eventual futura reintegração”.
O chefe de Estado cabo-verdiano falava sobre o afastamento da CEDEAO de três países (Níger, Burkina Faso e Mali, que constituíram a Aliança dos Estados do Sahel), em 2023, após terem sido tomados por juntas militares em golpes de Estado, numa escalada de antagonismo entre os dois blocos.
Os frutos da abertura de pontes para o diálogo podem surgir em breve, com “uma reunião envolvendo todos os Estados da CEDEAO, da Aliança do Sahel e a Mauritânia, para um diálogo mais aberto”, referiu.
José Maria Neves olhou para outros pontos do globo: classificou a guerra no Sudão como “uma guerra silenciada, mas com contornos dramáticos”, disse estar a acompanhar a situação na República Democrática do Congo (RDCongo) e a guerra na Ucrânia (esta última até “pelos impactos em Cabo Verde”), assim como o conflito na Faixa de Gaza.
“Tenho insistido na reafirmação dos valores constitucionais”, como em Cabo Verde, “respeito pela soberania dos Estados, integridade territorial”, “respeito pelo direito internacional, pela carta das Nações Unidas, solução negociada dos conflitos e paz”, disse.
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As mudanças climáticas, o financiamento dos esforços de mitigação, a mobilidade forçada pelo clima, assim como a defesa do património africano, foram outros temas da agenda internacional assinalados no balanço de hoje — associados aos papéis desempenhados pelo Presidente cabo-verdiano como patrono da década dos Oceanos (ONU) e padrinho da História Geral de África (no âmbito da UNESCO).
“Não há uma diplomacia paralela”, referiu, em relação ao Governo, dizendo fazer um “esforço para não fazer cacofonia”.
“Mas o Governo de Cabo Verde tem sido muito tímido na articulação” entre órgãos de soberania, particularmente entre Governo e Presidência, em questões em que “devia haver forte articulação, como política externa e defesa”, disse, reiterando uma crítica feita noutras ocasiões.
O chefe de Estado disse fazer “um esforço de contenção” e praticar as “articulações necessárias para que Cabo Verde fale na rede internacional a uma só voz”.
José Maria Neves foi também empossado como quinto Presidente da República de Cabo Verde em 09 de novembro de 2021, após vencer as sétimas eleições presidenciais do país, com 51,7% dos votos, apoiado pelo Partido Africano para a Independência de Cabo Verde (PAICV, hoje oposição no parlamento).
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O Governo do arquipélago é atualmente liderado pelo Movimento para a Democracia (MpD), com maioria absoluta – sendo ambas as forças políticas dominantes no país, alternando-se no poder.
Questionado no encontro de hoje com os jornalistas se vai recandidatar-se nas eleições presidenciais, no final de 2026, referiu que “ainda é cedo” para se falar sobre o assunto — até porque, primeiro, o país vai ter eleições legislativas, a agendar para uma data entre abril e junho.
fonte: msn

