São Tomé e Príncipe, a nação do oeste da África, espera que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, realizada no Brasil, em novembro, seja um “ponto de viragem” para que países insulares recebam o apoio de que precisam para promover ação climática.
A declaração é do primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Américo D’Oliveira dos Ramos, nesta entrevista à ONU News após discursar na Assembleia Geral, em Nova Iorque.
Economia azul
“Tem havido chuvas constantes, enxurradas, que levam ao deslocamento da população, destruição das culturas alimentares e muitos outros impactos. Daí que está claramente visto o impacto das mudanças climáticas em São Tomé e Príncipe. É claro que o país contribui quase insignificantemente para o efeito estufa, mas é o país que sofre mais com o impacto dos poluidores que poluem com o maior efeito estufa do mundo inteiro.”
O primeiro-ministro afirma que São Tomé e Príncipe tem se esforçado para promover mitigação dos efeitos da mudança climática, mas que precisa de mais financiamento.
O país africano se tornou a sede regional da economia azul. Ramos lembra que São Tomé elaborou uma estratégia e um plano de investimento com a ajuda de parceiros internacionais.
Graduação: bênção e desafio
Ao ser perguntando sobre a promoção da nação lusófona à categoria de país de desenvolvimento médio, o líder do governo são-tomense, disse que a medida ajuda, mas também inspira atenção e estratégias políticas.
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“Essa graduação é uma bênção, mas pode traduzir-se num desafio. O país agora tem acesso ilimitado a determinados financiamentos, mas é hora de fazer uma viragem para potencializar-se o sector privado. Nós temos várias áreas como turismo, infraestrutura, como energia que podem ser vigiados pelo sector privado.”
No fim deste ano, São Tomé e Príncipe organiza em Bruxelas, na Bélgica, um Fórum de Investimento para promover uma plataforma de investidores e parceiros no país africano.

Quase 60% são jovens
Uma das prioridades de São Tomé e Príncipe, segundo o primeiro-ministro, é promover o bem-estar e emprego da juventude, que forma quase 60% da população são-tomense.
“A criação do emprego é aquilo que nós tentamos levar a cabo em quase todas as nossas ações de política para permitir que os jovens encontrem um lugar adequado para viver em São Tomé e Príncipe. Por isso, os jovens, a questão do turismo, nós temos um Ministério de Turismo Sustentável e Juventude. Isso é para mandar um sinal, uma mensagem de que os jovens são o centro de toda a política pública do governo.”
Américo Ramos disse que o país deve promover um encontro para convencer mais investidores em Bruxelas.
Ao falar do aniversário dos 80 anos das Nações Unidas, o líder do governo são-tomense disse que a ONU precisa ser mais “perseverante e determinada” em seu processo de reformas.
Determinação contra conflitos
Segundo Américo Ramos, a ONU deve ser mais ativa na prevenção de conflitos e guerras também.
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“É preciso fazer reformas, reformas que permitem inclusão e integração. É preciso olhar para os mais frágeis. É preciso integrar os Estados insulares. É preciso passar uma mensagem de união, uma mensagem de paz. Essa mensagem tem sido passada. Mas é preciso reforçar ainda mais. Os conflitos que têm surgido internacionalmente requerem da ONU uma posição mais firme, determinada para que nós possamos ultrapassar esse momento.”


